Entrevista Zara Martín, Head Risk Management da Axpo Iberia

Zara Martín Mangas, Head Risk Management na Axpo Iberia, é uma das poucas mulheres que ocupam cargos de liderança no sector internacional de energia. Em entrevista para a revista espanhola Energética XXI, Zara fala sobre o que é preciso para alcançar a posição de líder feminina e o que deve ser feito para incentivar mais mulheres a entrar no sector. 

Descreva brevemente o seu trabalho profissional no setor de energia e o tipo de projetos/ serviços da sua empresa em que trabalha diariamente.

Há quase 12 anos, decidi dar o salto para o setor de energia ingressando como “controller financeira” na Axpo. Naquela altura, tínhamos apenas 17 colaboradores na subsidiária espanhola e, aos poucos fui-me especializando na área de riscos até à minha nomeação como Diretora de Riscos, fazendo parte do Comitê da Direção.

A Axpo caracteriza-se por ter um foco claro na flexibilidade do seu serviço e na capacidade de personalização a cada cliente, o que implica uma análise exaustiva de todos os cenários e uma gestão ativa dos riscos que permita manter um equilíbrio adequado, orientado para a excelência. A nossa principal função consiste em controlar o risco de crédito como o risco do mercado derivado de posições e flutuações de preços.

 

Para si, quais são as principais dificuldades e obstáculos com que se deparam as mulheres no desenvolvimento da sua carreira no setor energético?

Honestamente não acredito que existam obstáculos objetivos para o desenvolvimento profissional das mulheres no sector energético, simplesmente existem fatores socioculturais que podem ter provocado que tradicionalmente tenha sido um mundo mais apelativo para o público masculino, mas que de forma progressiva está a atrair mais mulheres. No meu caso concreto, nunca senti nenhum tipo de discriminação e sempre consegui gerir sem problema o meu lado profissional com o meu lado pessoal, enquanto mãe dos meus filhos.

 

Acredita que é possível acelerar a integração das mulheres em cargos de direcção/conselhos da administração no setor energético? Que medidas propõe?

Creio na igualdade entre homens e mulheres e do meu ponto de vista, os cargos devem ser sempre adjudicados tendo em conta as mais valias de cada pessoa independentemente do seu género ou outras variáveis.

A diversidade e a inclusão deveriam ser uma fonte de riqueza e criatividade nas organizações e não um entrave.

Não obstante, a realidade dos nossos dias é que nos processos de recrutamento do setor costumam ser 80-20 sendo a maioria proveniente de um público masculino, o que é um viés de base significativo, ainda que seja por uma questão de probabilidade.

Quer isto dizer, que se trata de uma questão que deve ser trabalhada de origem, de tal forma que as mulheres possam considerar atrativas este tipo de oportunidades na hora de planearem a sua carreira profissional.  Diria que este impulso tem que vir de nós próprias, devemos convencermo-nos que podemos conseguir o que queremos se lutarmos pelos nossos objetivos.  

 

De que modo pode o setor educativo (do secundário à universidade) e as próprias empresas fomentar as vocações femininas nas áreas das ciências, tecnologias ou matemática?

Diria que a educação começa em casa, são os pais os primeiro a observar as habilidades e potencialidades dos seus filhos. Nesse sentido, desde que são pequenos devemos fomentar aquilo que eles gostam e para o qual revelam uma habilidade natural. O mesmo se passa com o sistema educativo que deveria ir no mesmo sentido, aprofundado as aptidões de cada aluno, detetando as suas forças e potencialidades e encorajando-o a seguir o seu próprio caminho, independentemente de que tal pressuponha ter que estudar mais anos ou que integrar num mercado laboral mais instável.

Em relação às empresas, creio que esta questão tem vindo a alterar-se nos últimos anos e a diversidade de género começa a ser uma realidade em diversas funções e setores. Na minha experiência, por exemplo, o departamento é formado pela área de crédito, onde só existem mulheres e a área de mercado onde quase só existem homens, tentamos fomentar o cross-training’ entre ambas as áreas para que cada um possa descobrir o que existe “por detrás da outra porta”, adquirir novas competências e talvez até encontrar uma vocação oculta.  

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